Homenagem a Freddy Glatt



Faleceu no dia 14/07/2021, aos 93 anos, nosso querido Freddy Siegfried Glatt, Presidente da Sherit Hapleitá (Associação dos Sobreviventes do Holocausto) do Rio de Janeiro.

Nascido em Berlim no dia 31/03/1928, filho de pais poloneses, a família de Freddy saiu da Alemanha em 1933, após a loja de aviamentos de seu pai ter sido depredada por um grupo de jovens nazistas das SA (Sturmabteilung, "Tropas de Assalto"). Majer (Max), Rozalia e seus 3 filhos, Norbert (Bubby), Joachim (Heinz) e Siegfried (Freddy) foram para Antuérpia, na Bélgica, onde já viviam os avós maternos de Freddy, Chawa e Salomon Lax. No ano seguinte, seu pai veio para o Rio de Janeiro, onde já vivia uma irmã.

Em 1940, após a ocupação nazista da Bélgica, Freddy e sua família tentaram se refugiar no sul da França, mas algum tempo depois voltaram para Antuérpia. Os dois irmãos de Freddy foram as primeiras vítimas dos nazistas, após terem sido enganados pelas convocações, inicialmente voluntárias e depois compulsórias, para os jovens judeus se apresentarem na Casena Dossin, em Mechelen (Malines), de onde foram deportados e assassinados em Auschwitz. Após uma denúncia, foi a vez dos avós Chawa e Salomon serem deportados e assassinados em Auschwitz. ​

Freddy e sua mãe Rozalia sobreviveram se escondendo. Freddy passou a usar o nome de Freddy Van Damme e trabalhava em várias ocupações para trazer algum dinheiro que garantisse a sua sobrevivência e de sua mãe.

Em janeiro de 1944, para maior segurança, Freddy foi se esconder no Château de Schaltin, uma das instituições administradas pela JOC (Juventude Operária Cristã)​. Em setembro de 1944, a região das Ardenas foi liberada pelos americanos e Freddy voltou para Bruxelas, onde reencontrou sua mãe.

Freddy Siegfried Glatt e outros internos
na varanda Château de Schaltin, 1944.

Em 1947, Freddy e sua mãe, Rozalia, vieram para o Brasil e reencontraram seu pai, Max. Em 1954, Freddy se casou com Betty, sua eterna namorada. Tiveram três filhos, Ruth, Myriam e Norbert, seis netos e três bisnetos.


Sua história está registrada em seu livro Roubaram minha infância: memórias de um menino judeu durante a Segunda Guerra Mundial, organizado por Sofia Débora Levy (Jaguatirica, 2018). Que sua alma encontre descanso no Gan Eden.

Sofia Débora Levy

Freddy Glatt, Sofia Débora Levy e Betty Glatt ,
Rio de Janeiro, março, 2018, no lançamento do livro
Por dentro do trauma: a perversidade no Holocausto
e na contemporaneidade
, de Sofia Débora Levy.

Freddy Siegfried Glatt em seu Bar-Mitzvah aos 85 anos,
no Rio de Janeiro, ao lado de seu amigo
Aleksander Henryk Laks.